[o eu que escrevi sobre A vida descalço, o livro maravilhoso do Alan, pela Cosac Naify]
“Nós, os que vamos à
praia, vamos sempre mais ou menos atrás da mesma
coisa: das marcas do
que o mundo era antes que a mão do homem
decidisse
reescrevê-lo”, afirma o narrador de A
vida descalço, em uma deriva que o levará da
memória à história
social, do ensaio cultural a tudo aquilo que jaz
sob a areia deste
lugar “franco, transparente, aberto ao céu como uma
boca ou uma ferida”.
Desafiando os
lugares-comuns tanto do pensamento como do prazer, Alan
Pauls nos apresenta a
praia como o ambiente da imaginação. Entre
hordas turísticas e a
areia deserta, os enigmas da praia se vêem
auscultados ao
contrário: a beira-mar como lente de aumento para
investigar a vida
civil, a superprodução de sonhos (“sonha-se muito na
praia”), a utopia
política, o corpos bronzeados, o verão como invenção
midiática.
Fenomenologia íntima e
paródia do intelectual em férias, A vida
descalço nos conduz à
praia da infância do narrador, às ficções
estivais de François
Ozon e Eric Rohmer, às areias do Rio de Janeiro
dos anos 70, às
fantasias ascéticas da anti-praia invernal. Ilumina as
dunas impensadas dos
espaços onde imaginamos a liberdade e nos coloca
diante de um relato
onde a fineza especulativa, o humor rasante e o
descobrimento inusual
do que está próximo brilham como nunca na
elegante música que
faz de Alan Pauls um dos príncipes mais distintos
da literatura em
língua espanhola.
1 comment:
Vc pode escrever "À praia com Alan" se vc quiser porque o artigo "la" não existe em português...
;)
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