Sunday, February 3, 2013

Fête du livre à Bron



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Des mots et des mets


Bonjour théories

A la praia com Alan

[o eu que escrevi sobre A vida descalço, o livro maravilhoso do Alan, pela Cosac Naify]


“Nós, os que vamos à praia, vamos sempre mais ou menos atrás da mesma
coisa: das marcas do que o mundo era antes que a mão do homem
decidisse reescrevê-lo”, afirma o narrador de A vida descalço, em uma deriva que o levará da
memória à história social, do ensaio cultural a tudo aquilo que jaz
sob a areia deste lugar “franco, transparente, aberto ao céu como uma
boca ou uma ferida”.
Desafiando os lugares-comuns tanto do pensamento como do prazer, Alan
Pauls nos apresenta a praia como o ambiente da imaginação. Entre
hordas turísticas e a areia deserta, os enigmas da praia se vêem
auscultados ao contrário: a beira-mar como lente de aumento para
investigar a vida civil, a superprodução de sonhos (“sonha-se muito na
praia”), a utopia política, o corpos bronzeados, o verão como invenção
midiática.
Fenomenologia íntima e paródia do intelectual em férias, A vida
descalço nos conduz à praia da infância do narrador, às ficções
estivais de François Ozon e Eric Rohmer, às areias do Rio de Janeiro
dos anos 70, às fantasias ascéticas da anti-praia invernal. Ilumina as
dunas impensadas dos espaços onde imaginamos a liberdade e nos coloca
diante de um relato onde a fineza especulativa, o humor rasante e o
descobrimento inusual do que está próximo brilham como nunca na
elegante música que faz de Alan Pauls um dos príncipes mais distintos
da literatura em língua espanhola.